Alguns acontecimentos foram fundamentais para a História da Humanidade por mais insignificantes que hoje nos pareçam. Dentre esses alguns são designados de Revoluções. Reportemo-nos só à tecnologia. Ei-las: Pedra Lascada, Fogo, Roda, Imprensa com Caracteres Móveis e por fim a Revolução Industrial unanimemente consensual como marco civilizacional e que constituiu uma ruptura abrupta com um passado pré-vapor.
Por Brandão de Pinho
AEsta revolução, por mais singela que possa parecer, e que obviamente começou em períodos diferentes em diferentes países transformou de tal modo a sociedade (muito para além da componente tecnológica por si só) ao ponto do Capitalismo mais ou menos travestido de Democracia se ter assenhorado do mundo em todos os aspectos, para o bem e para o mal.
E sem capitalismo não teria havido Marxismo. Sem Marxismo não haveria MPLA.
Charles Dickens descreve as facetas negativas da exploração laboral e da indigência animalesca a que nem crianças nem mulheres escaparam e as migrações em massa da plebe rural para centros urbanos ou industriais. Convém é ter em conta que os operários iam por livre vontade e que no campo, pese embora o ar puro, também trabalhavam muito (de sol a sol e de Domingo a Domingo) e na condição de lavradores também não desdenhavam da máxima que sendo o trabalho de menino pouco quem não o aproveitasse seria louco – como tantas vezes ouvi na minha meninice.
Vivia-se miseravelmente nesses “idílicos paraísos” e passava-se, se não fome, pelo menos sub-nutrição latente com dietas bastante limitadas, que absurdamente se aplicadas na actualidade não seriam assim tão pouco descabidas, face à panóplia de disparatados regimes alimentares vigentes, omnipresentes na rede.
Tanto quanto sei, creio que não há quórum para designar outros posteriores marcos revolucionários em termos tecnológicos. Talvez porque o lapso de tempo entre cada nova invenção tenha começado a ser graduadamente menor – sobretudo se tentarmos cair no falacioso exercício de medir o tempo de agora comparativamente ao de antanho, em que fossos de milhares de anos separavam cada uma das revoluções que enunciei – e de a História não poder analisar factos sem o devido distanciamento temporal.
Mas, na minha opinião, atrevo-me a dizer que daqui a uma dúzia e meia de décadas e partindo do princípio que ainda haverá humanidade, a grande revolução a seguir à industrial irá ser convencionada como a Revolução dos Smartphones, cujas consequências, como irão concluir os futuros académicos, foram (numa perspectiva de futuro) absolutamente catastróficas obrigando o Ser Humano a uma nova forma de submissão.
Os danos causados pelo usufruto de um dispositivo com acesso imediato à internet no bolso são tão grandes que me obrigaram a uma profunda reflexão que determinou a minha decisão de gradualmente me ir libertando deste demoníaco dispositivo tecnológico – algo só possível com desmame e tratado como se de uma dependência fosse. Eu comecei por erradicar o veneno das redes sociais que me oprimia. Vai ser difícil não ter à mão a Wikipédia, o Shazam e dispositivos médicos exclusivos para esses aparelhos, entre outras coisas, mas por uma série de motivos que não poderia explicar num curto texto, será melhor assim. Ou seja, não será uma renúncia à internet outrossim à internet momentânea de algibeira.
Se a essa Internet de pacotilha associarmos toda a espécie de redes sociais, definitivamente está o caldo entornado e súbita e subrepticiamente veio-se instalando o caos. Mas não se dá conta. É como quando as mulheres de outrora, fartas de toda a sorte de sevícias dos maridos, serviam-lhes, literalmente, um prato muito frio devidamente temperado com… arsénio. Inaudita substância, quase homeopática, na medida em que a justiça passou a estar ao seu alcance.
Realmente os italianos têm razão quando dizem que a vingança é um prato que se serve frio. Se o revólver democratizou o paradigma da masculinidade – pois desde o seu advento a estatura e pujança físicas deixaram de ser o critério para determinar os machos alfa – também o arsénio libertou a mulher.
É com tristeza que constato como o regime angolano vem servindo diariamente pequenas doses desse veneno e de como, mesmo os dantes rebeldes, veneram Sua Majestade D. João I de cognome, o carcereiro.
Acorda Angola. Acordai angolanos!
Leitor amigo, façamos um exercício. Vamos reflectir sobre futebol. Sem internet de pacotilha será que a entrada por trás – à margem da lei ainda que não admoestada com amarelo sequer – da vaca sagrada portuguesa poderia ficar nos anais da História?
Teremos nós o direito de bisbilhotar a intimidade de outrem, mesmo tratando-se de alguém que vendeu a alma ao diabo do marketing como o Fausto de Goethe, pondo-se assim a jeito de ser escrutinado até nos mais ínfimos pormenores? Nesse debate extremam-se posições e é curiosa a disposição das mulheres portuguesas nesse tabuleiro retórico. Mais uma vez com a net a inebriá-las ao invés de esclarecê-las. Não é não!
Outro exemplo recente: após o Benfica-Porto de domingo, dois amigos desentenderam-se e um desfere uma letal facada ao outro. Directamente seria insensato pôr a culpa na net, mas esta criou as condições para que o ódio instilado, não poucas vezes de forma nada inocente, tivesse proporcionado o meio de cultura para que as bactérias do fanatismo medrassem e proliferassem, matando o hospedeiro por septicemia. Cuidado angolanos pois há bactérias resistentes aos mais poderosos antibióticos.
Acorda Angola. Acordai angolanos!
Sem grandes delongas pois não vos quero aborrecer com divagações entediantes e muito profundas, até porque o imediatismo e radicalismo da net certamente não vos deixarão de obnubilar o discernimento, falemos agora de política.
Neste caso num pais lusófono e de cultura portuguesa – por mais que desdenhem o antigo colonizador – que os infectou com o parasita da corrupção, a bactéria do chico-espertismo e o vírus da insensatez. Como é que o sistema a “já ir” por perigosas veredas permitiu que um indivíduo como o Capitão na Reserva fosse contemplado com a presidência anunciada de um país tão grande como um continente? Haverá dúvidas que se trata de um tresloucado mais insano do que Trump, Kim e Maduro juntos?
Talvez os brasileiros estejam fartos da corrupção e do sistema político que em última análise permitiu que anteriores demagogistas de esquerda vingassem (como na Venezuela) e que nada fizeram em áreas essenciais para o bem estar dos cidadãos, como é o caso da segurança e o da ausência de ferramentas que impedissem a perpetuação do oportunismo, tão característico dos estados socialistas – como teoricamente será Angola na medida em que o MPLA, ideologicamente, bebe dessas influências. Lula provou do seu veneno. Criou uma classe média arrancada da pobreza que agora o castiga nas urnas e anuncia a sua morte, pois essa debutante classe média, melhor que ninguém, sabe o quão pernicioso é dar benefícios de forma arbitrária e sistemática.
É um facto que em Angola a riqueza está desproporcionalmente distribuída, impedindo assim a ascensão de uma classe média esclarecida, reivindicativa e atenta. Pelo que será tarefa árdua haver massa crítica para influenciar o regime. Talvez ler o Folha 8 seja um exercício essencial para os angolanos se purgarem do demagogismo a que estão vetados agora.
Acorda Angola. Acordai angolanos!
Sei bem que é difícil resistir à sedução de um líder aparentemente forte, alegadamente justo e pretensamente carismático como será eventualmente o caso de João Lourenço, mas sei também que não há figuras messiânicas. Sei-o porque no meu país, passados tantos séculos, ainda há quem aguarde por D. Sebastião e essa nostalgia sebastianista fez brandamente esticar o mandato de Salazar até que este tombou fazendo tombar também o velho Estado Novo incapaz de proteger portugueses e angolanos de influências estrangeiras. É minha crença que se o marxismo tivesse vingado em Portugal como vingou em Angola, que hoje a Tuga estaria tão atrasada como a Albânia.
Por isso convém estar alerta. Convém ver a realidade para lá das sombras e ecos. Convém ler jornais independentes e comprometidos com a verdade. Convém perceber o quão vulneráveis estamos à imunda propaganda que inunda as redes sociais pois esta – com muito dinheiro de entidades satânicas, com agenda bem definida – levou a que Trump ganhasse, o Brexit acontecesse e a Europa fosse varrida pelos ventos da extrema-direita.
Os recursos naturais de Angola não podem ser sorvidos de forma tão displicente e barata pelos chineses, cujo governo, orientado pelos desígnios superiores do interesse da sua pátria, faz de Angola um refém. Sem dinheiro é impossível fazer-se as reformas que o país necessita e por isso JLo parece tenso, de quando em vez esboçando um sorriso amarelo, pois também sabe da infinita paciência e disciplina do Império do Meio, pelo que terá de negociar numa perspectiva confucionista e tentar ser mais paciente do que um chinês, caso contrário é xeque-mate.
Mano Carlos Oliveira ,conta este fado para quem não conheçe aquele pessoal,se não estivessem sob os Holofotes da UE,seria um Show. GNR usou o termo Gasosa para pedir dinheiro,meu primo esqueceu a carta em casa,,dissemos que estávamos sem dinheiro…Perguntou mais tem Multibanco não tem? Na Alemanha,na Espanha,Itália,França onde andei não existe Paralelo….Portugal tem coisas boas parar Coperar Ex: Saúde,Construção Civil,na área de Educação Física,Investigação Criminal…Mais no combate a corrupção não Serve.
Creio que o autor pretendia dotar o texto de extensas camadas de ironia num exercício descontraído. quer-me parecer inclusivamente que a sua opinião em cada assunto poderá ser contrária ao que aparentemente as palavras possam numa primeira análise transparecer. A ironia, o sarcasmo corrosivo e o exagero servem às vezes para dizer o oposto daquilo, que uma leitura leviana e leve, leve o leitor ao engodo.
Portugal não afectou nem o Brasil nem qualquer outro país com corrupção. A corrupção remonta à criação do universo e é transversal a qualquer ponto desse mesmo universo. Há corrupção em Portugal, como existe em Espanha, na Itália, na Rússia, na China, etc. etc e também em Angola. Não vamos culpar Portugal pela existência da corrupção. Corruptos existem em todo o lado. Portugal é um país maioritariamente de gente honesta e dizer-se o contrário é uma monstruosidade. Portanto, não vamos imputar o insucesso, sempre o insucesso à colonização e aos portugueses. Isso já lá vai há mais de 40 anos, pelo que necessário se torna arranjar outro bode expiatório. A colonização foi má e injusta? Foi, sem dúvida. Porém, não podemos continuar a relevar esse facto para justificar a frustração.